O gajo tem praticamente tudo que eu detesto numa pessoa: É gordo e feio mas acha-se engatatão, é obtuso mas julga-se muito arguto, leu uma enciclopédia de bolso e julga conhecer os segredos da humanidade. Ainda por cima é daqueles tipos que muda de opinião consoante o vento. É de esquerda às 11 horas, mas suspira pelo regresso do “Botas” a meio da tarde. Defende, por vezes com violência, os valores familiares, sobretudo os seus, que passam por ter amantes espalhadas pelo país. Esta mesma situação familiar é usada inteligentemente, de forma a conseguir benesses e privilégios, sobretudo da entidade patronal.
É assim! prontos, tás a perceber?!…Adivinharam, é também um campeão no uso de chavões de linguagem.
O homem lá conseguiu um emprego como quadro médio do Estado. Confesso que essa façanha sempre me tinha intrigado, desconfiava solenemente do seu mérito para ter chegado onde chegou. Até que há pouco tempo descobri o porquê. O homem usa e abusa do advérbio “sim”, sobretudo quando o interlocutor é um superior hierárquico.
Possa!! como é possível? Pergunto-me eu! Como é que um tipo tão servil, limitado e incoerente pode desempenhar a mesma profissão que eu, que, pese embora alguns trambolhões, saiu-me da pele, tanto o esforço dispendido, a nível físico ou intelectual.
O homem, apesar de maduro e como tal sempre pronto a julgar e criticar os outros, adora brinquedos. Os brinquedos dos adultos, aqueles que se compram na Worten aos bochechos. Aqueles que vão ditar um não redondo ao filho, quando este pedir a nova consola da SONY. “Não posso filho! O dinheiro do pai não estica”. Ter filhos assim é fácil, até eu o poderia fazer.
É aquele tipo (decerto que conhecem alguém igual) que tem sempre um comentário rápido ao ouvir uma notícia na rádio ou no telejornal.
Admito que todos nós cometemos a maior parte destes “pecados”, faz parte da herança genética “tuga”. Esta triste e apagada existência, esta sobrevivência que apenas se torna exuberante no domínio das palavras, das críticas, do “se fosse eu…” ou “se fosse comigo”. Eu próprio faço mea culpa, e volta e meia sinto-me um palhaço, um fraco num país de palhaços fracos.
E volta e meia volto a cometê-los. Gostava de mudar, juro que gostava, pelo menos em muitas dos vícios lusos que caio.
Mas de uma coisa orgulho-me. Não sou patriota nem nunca o fui! Nem em puto, quando éramos bombardeados com a treta que tínhamos sido grandes, que o mundo tinha sido nosso, inclusive Angola. Questionava as ladainhas dos manuais escolares e dos programas de TV. Sobretudo aqueles do historiador vampiro. Ensinaram-me, e bem, que há, grosso modo, duas correntes diametralmente opostas de analisar e interpretar os factos históricos. Uma, mais moderada, mais realista e cinzenta, que defende que as grandes mudanças e rupturas se operam pelo movimento de grandes grupos, aglomerados de ideias e aspirações e pela tensão desses grupos com outros antagónicos, regra geral detentores do “status Quo”.
A outra versão é mais novelesca, mais apelativa e propícia a grandes livros ou filmes. A Humanidade avança, move-se por acção de um homem, iluminado pela sabedoria divina que decide, sozinho ou, se quiserem, com a ajuda de um ou mais Deuses, fazer o tal avanço nas relações entre os homens.
Obviamente que o historiador vampiro prefere este segunda versão. A do Rei valente, intrépido que sozinho nos levou a descobrir outros continentes ou a rebater o poderio Espanhol.
O Professor Vampiro é precisamente um dos homens que o gajo de que vos falava mais admira. Porque será? É que o gajo também é nacionalista. E apesar das toneladas de defeitos e imperfeições que carrega, continua a achar que vamos no caminho certo, enquanto povo, enquanto projecto de sociedade. Projecto apenas, pois como diria Alberto Pimenta, os Portugueses não são sócios de ninguém, muito menos dos conterrâneos.
É nisto que nós diferimos abissalmente. Somos os dois portugueses e fazemos, ambos, embora em graus distintos, as mesmas asneiras hereditárias, mas eu não sou patriota. Não acho que tenhamos futuro enquanto nação e muito menos vejo uma futura Ibéria como um papão. Ahh!! e outra coisa: detesto o Professor Vampiro. Aquilo a que o meu Avô chamaria uma grande besta.
autor do texto: the boy next door
(colaborador excepcional do blog)
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1 comment:
excepcional espero que não em termos de assiduidade, pois colaboradores com textos destes são bem necessários... espero que continue excepcional na qualidade e mude para vulgar na quantidade!!!
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