"Estás a desistir do amor."

Foi com esta frase, aparecida do nada no meu ecrã, que a ficha caiu. Chamar as coisas pelos nomes tem destas coisas.
Estaria? Sim, acho que sim. Talvez não fosse uma decisão tomada em consciência, mas era para aí que caminhava a passos largos.
Estaria preparada para assumir essa decisão? Não sei.

Fazendo uma retrospectiva às três vezes que estive apaixonada, apercebi-me que o método era sempre o mesmo. Não era totalmente eficaz mas impedia que eu me estatelasse.

O Método
A primeira fase, a minha preferida, era o jogo da sedução, brincar de gato e rato. Por mim, esta fase prolongava-se indeterminadamente.
Muitos morreram aqui, mesmo muitos. Ou não davam luta, ou não mordiam o isco, ou eram só aquilo que aparentavam ser. Digamos que é equivalente aos 10 primeiros minutos de tolerância que eu dou a alguém que adiciono de novo no MSN, antes de ser bloqueado.
Na segunda fase, o sistema começa a dar sinais das primeiras falhas. É a minha fase de negação.
Consiste em submetê-los a testes sucessivos e aguardar que falhem. Ou se apercebam que de facto não vale a pena e desistam. Normalmente aqui, é separado o trigo do joio: os que gostam, persistem; Os que só querem brincadeira, desistem.
Na terceira fase é altura de entrar em pânico, porque me apercebo que estou apaixonada, e aplicar o golpe de misericórdia. Descobrir o ponto fraco e atacá-lo sem dó nem piedade. Tem sido certinho!

O único grande “senão” do método é que, de cada vez que um parte, cai por terra a expectativa criada e morre um bom pedaço da esperança em encontrar o tal.

Sempre acreditei que, quando fosse o tal, este iria quebrar o feitiço. Iria fazer-me acreditar e sentir-me segura. Eu não iria sentir medo, nem hesitar e iria atirar-me de cabeça. Seria aquele que saberia sempre dizer e fazer a coisa certa, na hora certa.
Acontece que eu não poderia estar mais enganada e só agora o constatei.
Nunca irá aparecer o tal se eu não der uma oportunidade. Vou sentir medo sempre, nem que apareçam 250 tais. Mas também não sei se consigo mudar. Por isso, acho que sim, estou a desistir do amor.