Friday, April 15, 2011

em cheio na canela e de raspão na bola

acho que sim. estamos em crise. económica, financeira, da divida soberana, especulativa, hipotecária, dos mercados, etc. razões várias, culpados todos, soluções muitas, etc. mas de fininho a mesma crise de sempre, a mais velha e a mais corrosiva crise,... de crise em crise, de fininho... vai sempre escapando ao debate, à intervenção e portanto à solução que iria servir de antídoto a um dos maiores problemas de portugal. a justiça. o nosso chico-espertismo, o nosso costumeiro favor, cunha, porta do cavalo, decisão de corredor, manobra de bastidores... aquele desenrasque tão "very typical", já passou todas as marcas! depois de engordarmos a função publica à custa dos lugares que eram herdados de pais para cunhas, da operação de rotina feita de urgência por favor, da grávida de almofada para passar a fila das finanças, do candidato das bases, da multa em nome da esposa que não conduz, da declaração de incapacidade pelo genro, dos filhos para subsídio, passamos este tempo todo distraídos a sacanear o próximo, promovendo a lideres, rufias de gravata a troco de campos de futebol iluminados, micro-ondas, casas em bairros sociais por degradar e a sensação de que um paizinho, tomava todas as decisões em mão, lutando por nós, contra tudo e todos, a troco de uns míseros roubos, que no fim bem feitas as contas eram mais que merecidos. esse tão costumeiro hábito de "ir à volta", cresceu, desmedido e passou para cursos superiores em faculdades modernas, que tinham cadeiras aos domingos e fundos desviados à semana, estradas que não ligavam ninguém a nada, submarinos, tgv's, aeroportos, institutos públicos, subsídios à produção de empresas sem empregados, concursos públicos combinados, bancos de lavagem de dinheiro, túneis inundados, pontes que caiam, estádios vazios, euro 2004 que duraria para sempre, empresas publicas com um lugar de chefia para cada empregado, subsidio de desemprego para quem nunca trabalhou, duas reformas para quem só tinha tido um emprego, rendimento mínimo, subsidio de subsistência, abono de família, abono por cada filho, subsidio porque chove e planos de emergência porque não chove, declarado estado de calamidade. enquanto isto se passava, nada era crime, ninguém era culpado, está tudo regulamentado e previsto na lei. do crime mais vulgar, ao colarinho mais branco, a sensação de falta de justiça e de injustiça cresce. a corrupção é visível a olho nu e audível no youtube. e uma bateria de advogados às claras inocenta tudo e todos com irregularidades, não deles... dos factos, ou melhor das provas. tudo se mistura ao ponto de ninguém ser dado como culpado e quando alguém o é, clama-se por justiça e este só foi lá p'ra dentro porque tinha que ir alguém. os verdadeiros culpados ainda estão cá fora e o que foi dentro era inocente... o menos culpado vá! A Justiça, a Lei e a Ordem, são Pilares fundamentais da Democracia. Quando as pessoas não confiam nos seus Tribunais, agentes de justiça e forças de Segurança, deixam de confiar no seu Estado. Mas o Estado é o Povo. E, claro, o Povo são as pessoas. Portanto as pessoas deixam de confiar umas nas outras. Isso leva à desintegração da sociedade. Não há crise que se possa superar sem união. Sem sentido de responsabilidade colectivo. e a verdade é que somos cada vez mais individualistas, menos colectivos. porque não nos importamos, porque trabalhem os outros, porque qb é muito e p'ra quem é bacalhau basta. porque desconfiamos de todos. porque não confiamos em nada. penso, que no fundo, porque achamos que tudo é injusto. mas a verdade, é que temos que pagar impostos, temos que trabalhar, temos que ser solidários, temos que ser responsáveis e nunca ceder à indiferença. afinal pode parecer injusto... mas esta crise é de todos. se alguma vez resolvermos esta, as outras, tipo as económicas, financeiras, das dividas soberanas, especulativas, hipotecárias, dos mercados, etc., serão um balão que se esvaziará num piscar de olhos. pois cá para mim, crises dessas, no 3º e 4º mundos, são riqueza extrema, onde a fome, a doença e a esperança média de vida de 30 anos, são a realidade. e no caso português, para quem não tem emprego e quer trabalhar, esta crise é exactamente igual às outras... injusta.

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